A Previsibilidade e a Resistência à Mudança do Setor Elétrico Brasileiro
- Daniel Lima
- 20 de mar.
- 2 min de leitura
Por Daniel Lima – ECOnomista
A previsibilidade é fundamental para a estabilidade de sistemas complexos como o setor elétrico. Ela fornece a base para decisões estratégicas, mitigação de riscos e segurança energética. Contudo, no Brasil, a previsibilidade muitas vezes caminha de mãos dadas com a resistência à mudança, especialmente no que se refere à transição do uso de fontes fósseis para fontes limpas e renováveis.

O setor elétrico brasileiro enfrenta um paradoxo evidente: embora a transição energética seja essencial em um mundo cada vez mais orientado para a sustentabilidade, muitas estruturas institucionais ainda se mostram resistentes a essas mudanças.
Essa resistência, além de dificultar o avanço das energias limpas, gerou um impacto estrutural importante: a falta de planejamento adequado para a expansão e modernização da infraestrutura de transmissão da rede básica.
A rede básica de transmissão é essencial para garantir o escoamento da energia gerada, especialmente em um sistema interligado como o Sistema Interligado Nacional (SIN). O Nordeste, que desde 2019 se tornou a maior produtora e exportadora de energia limpa no Brasil, é um exemplo de como essa questão pode gerar desequilíbrios.
A região, que lidera na produção de energia eólica e solar, enfrenta limitações significativas devido à insuficiência de capacidade de transmissão, causando prejuízos à geração de energia e ao retorno econômico para os estados nordestinos.
Os leilões de energia, introduzidos como mecanismo de expansão desde 2004, trouxeram avanços significativos na geração, mas não foram acompanhados por investimentos proporcionais na transmissão.
A resistência à mudança nesse campo, muitas vezes motivada por visões limitadas e interesses setoriais, impede que o SIN funcione de maneira eficiente e que regiões como o Nordeste possam aproveitar plenamente seu potencial energético.
Portanto, a resistência à mudança, que por vezes é vista como uma forma de preservar a estabilidade, hoje contribui para gargalos estruturais que comprometem o futuro do setor elétrico brasileiro.
Superar essa barreira requer uma abordagem que integre planejamento estratégico, inovação e a priorização de fontes limpas, garantindo que a sustentabilidade seja um vetor de progresso e não um fardo para o setor.
A Previsibilidade e a Resistência à Mudança do Setor Elétrico Brasileiro
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