A Culpa é Sempre da Geração Distribuída
- Daniel Lima
- 18 de fev.
- 2 min de leitura
A Culpa é Sempre da Geração Distribuída
Por Daniel Lima – ECOnomista
Uns anos atrás, comparei a GD à Geni da Ópera do Malandro, ambientada em um bordel e retratando a malandragem brasileira. Parece que essa analogia nunca foi tão pertinente. Mais uma vez, a GD está sendo responsabilizada por tudo o que ocorre de errado no sistema elétrico brasileiro, e desta vez, quem lança as pedras é o ONS.

Li o artigo do Valor Econômico, intitulado “Riscos de apagão no país ganham força no longo prazo”. De agora em diante, tudo que estiver entre aspas foi retirado do artigo original, onde aproveitei e fiz alguns questionamentos e esclarecimentos.
O ONS identificou riscos de sobrecarga na rede a longo prazo devido ao aumento da oferta de energia. E, claro, a culpa recai sobre a geração distribuída, que, segundo projeções, pode alcançar 49,5 GW de potência instalada até 2029. “Diante desse cenário, players do setor elétrico, bem como o próprio operador, elaboram estratégias para coibir possíveis blecautes nos próximos anos.”
Segundo alguns diretores do ONS, “os apagões que eventualmente ocorreriam com a sobrecarga seriam localizados — e não sistêmicos, de grande porte. É como, segundo eles, ao ligar dois ou três chuveiros elétricos ao mesmo tempo, um disjuntor fosse desarmado sem desligar a casa inteira.” A pergunta que fica é: a culpa é de quem está tomando banho, dos chuveiros ou da amperagem do disjuntor?
“No PAR/PEL 2025-2029, veiculado neste mês pelo ONS, o órgão informou que o crescimento da geração distribuída impõe desafios consideráveis à operação do sistema.” Quais seriam esses desafios? Afinal, a geração solar é extremamente previsível.
“O ONS identificou que, até 2029, quase 140 subestações de fronteira — que conectam redes de distribuição às linhas de transmissão — serão alvo do fluxo reverso, com riscos de sobrecarga.” Quem é o responsável por investir em infraestrutura elétrica? Será que o momento atual da renovação das concessões não é o ideal para assegurar esses investimentos?
“O ONS sugeriu ... a criação da figura do operador de recursos energéticos distribuídos ou descentralizados ..., que pode atuar na gestão da demanda de energia que não está sob alcance do ONS e na geração distribuída.” Aí está o ponto crucial. Alguém está querendo vender mais serviços para os consumidores. Mas quem vai pagar a conta?
“O diretor-geral do ONS pontuou ainda que, em seu entendimento, as distribuidoras seriam naturais candidatas à operação dessas novas centrais, conectadas às respectivas redes.” Devemos ficar atentos a esse tipo de sugestão. Será que o ONS perdeu ou está perdendo a capacidade de operar o SIN?
“O PAR/PEL projetou a necessidade de realização de R$ 7,6 bilhões em investimentos em novas linhas de transmissão e novos transformadores.” Esse valor é irrisório em comparação com os subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que somente este ano está bancando R$ 12 bilhões para queimar combustível nos Sistemas Isolados.
A Culpa é Sempre da Geração Distribuída
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