O avanço da energia solar no Brasil tornou o país em uma potência global na energia fotovoltaica e em 2023 se tornou o 6º mercado no mundo e o 4º que mais adicionou potência instalada. A evolução ocorreu no período inferior a 10 anos. Saindo de um desconhecido em 2017 para uma liderança consolidada em seis anos.
As informações foram apresentadas pelo presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, na palestra “Principais destaques da solar fotovoltaico no Brasil e em Mato Grosso”, no dia 21 de maio, primeiro dia do XII Seminário de Energia, promovido pelo Sindenergia e que segue até quarta-feira (22.05).
A energia solar já é a segunda maior fonte de energia do Brasil, superada apenas pelas hidrelétricas. Ela representa cerca de 18% da potência instalada da matriz elétrica brasileira. Essa expansão trouxe aproximadamente R$ 200 bilhões em investimentos e gerou mais de 1,2 milhão de empregos desde 2012, além de ter evitado a emissão de 50 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.
“Mato Grosso tem se destacado particularmente nesse cenário, ocupando a quinta posição em geração de energia solar de pequeno e médio porte e a décima em potencial para usinas solares de grande porte. Atualmente, o estado conta com 1,7 gigawatts em operação e mais de R$ 5 bilhões investidos no setor e 50 mil empregos”, comentou Rodrigo.
Contudo, o setor enfrenta desafios em Mato Grosso como o recente cancelamento de pareceres de acesso pela distribuidora local, a Energisa. A Absolar alertou a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sobre o problema, que agora está sob diligência. A ANEEL solicitou a reversão das decisões, mas encontrou resistência por parte da distribuidora.
A questão deve ser deliberada na próxima reunião ordinária da diretoria da ANEEL. “Esse tipo de coisa não pode acontecer, por isso nós cobramos que haja mais fiscalização e o acompanhamento mais próximo da ANEEL sobre a atuação das distribuidoras especialmente em relação a geração distribuída onde os consumidores querem gerar sua própria energia limpa, renovável, barata, acessível e às vezes tem esse tipo de resistência de barreira, de desafio, de dificuldade”, destacou o presidente da Absolar.
Além disso, ele apontou que há um risco concorrencial emergente, com distribuidoras abrindo suas próprias empresas de geração solar distribuída dentro do mesmo grupo econômico, o que pode levar a conflitos de interesse.
“É preciso que haja um tratamento, um olhar muito atento da agência regulatória pra evitar qualquer tipo de abuso ou qualquer tipo de preferência, de privilégio para empresas do mesmo grupo econômico da distribuidora”, disse Rodrigo.
Conforme o presidente da Absolar, o setor fotovoltaico alcançou um marco significativo com a implementação da Lei 14.300/2022, que introduziu uma estrutura de taxas progressivas para o uso da rede elétrica. Especialistas do setor destacam que a lei é um avanço crucial, proporcionando segurança jurídica, previsibilidade e estabilidade ao mercado.
“Um dos aspectos mais notáveis foi a redução de quase 50% no preço dos equipamentos solares no último ano, um fator que contribui para a competitividade da energia solar. A taxa gradual de uso da rede, aplicada à energia injetada no sistema, não compromete a viabilidade do setor”.
Rodrigo apontou que também o hidrogênio verde surge como uma tecnologia promissora, com potencial para revolucionar a produção de fertilizantes e outros produtos limpos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e da economia nacional. “É preciso criar marcos legais para isso, que está no Congresso, para criar políticos e incentivos com começo, meio e fim para incentivar o uso do hidrigênio verde como fonte de energia renovável. O custo tem que ser pago pelo setor de óleo e gás, que são os mais poluem”.
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