Energia sustentável: o que ainda nos intriga, mesmo sabendo tanto
- Claudia Andrade
- há 12 horas
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Por Claudia Andrade
Falar sobre energia sustentável hoje é quase como abrir uma porta para o futuro — mas um futuro que insiste em chegar aos trancos. A gente já sabe o caminho: fontes renováveis, tecnologias limpas, descarbonização. Mas a estrada está cheia de obstáculos, alguns invisíveis, outros escancarados. E talvez o mais intrigante seja perceber que, mesmo com tantos avanços, ainda estamos muito distantes de fazer dessa transição algo verdadeiramente justo, acessível e transformador.

O Brasil vive uma contradição poderosa
De um lado, somos uma potência energética quase única. Temos uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com hidrelétricas, eólicas, solares e biocombustíveis. Sol e vento não nos faltam. Sabemos fazer. Temos gente preparada. Temos tecnologia. E temos vontade.
Mas, por outro lado, seguimos investindo — e muito — em combustíveis fósseis. Subsidiamos o velho enquanto sonhamos com o novo. Falamos de futuro, mas seguimos presos ao passado. E o pior: muitos projetos incríveis de energia limpa ficam emperrados em burocracias, falta de incentivo ou políticas públicas inconsistentes.
O mundo também caminha com desigualdade energética
Fora do Brasil, o cenário é igualmente contraditório. Países ricos fazem sua “revolução verde” financiando energia limpa com minérios extraídos de países pobres, muitas vezes sem considerar os impactos sociais e ambientais dessas operações. É como se a sustentabilidade tivesse um lado bonito para os holofotes, e outro lado sombrio que ninguém quer ver.
Tem gente que ainda vive no escuro — literalmente. Bilhões de pessoas no mundo não têm acesso digno à energia. E enquanto alguns países discutem inteligência artificial para otimizar o uso da eletricidade, outros ainda lutam para acender uma lâmpada com segurança.
Tecnologia não basta — precisamos de justiça energética
A descentralização energética é uma revolução silenciosa e promissora. Placas solares em telhados, comunidades gerando sua própria energia, redes inteligentes… tudo isso é real. Mas o acesso ainda é muito desigual. A energia limpa precisa deixar de ser privilégio e virar direito.
A gente também precisa falar sobre dados. Com redes cada vez mais conectadas, surgem perguntas sérias: quem controla a informação sobre o que a gente consome? Quem lucra com isso? Energia não é só kilowatts e painéis — é poder, é liberdade, é dignidade.
A energia que queremos é aquela que transforma vidas
No fim, o que mais intriga — e também o que mais inspira — é saber que energia sustentável não é só uma escolha técnica. É uma escolha humana. É sobre como a gente quer viver e que mundo a gente quer deixar.
O Brasil tem tudo para ser líder. Mas não basta potencial. É preciso coragem para mudar prioridades, vontade política para romper com velhas estruturas e sensibilidade para incluir quem sempre foi deixado de fora.
Energia é o que move o mundo — mas que tipo de mundo queremos movimentar?
Energia sustentável: o que ainda nos intriga, mesmo sabendo tanto
A energia que queremos é aquela que transforma vidas.