Greenwashing sob fogo cruzado: o despertar do consumidor e a nova era da transparência
- Claudia Andrade
- 25 de mar.
- 2 min de leitura
Por Claudia Andrade
Em tempos em que “sustentabilidade” virou palavra de ordem no mundo corporativo, um novo dilema emerge com força: como separar o compromisso verdadeiro da maquiagem verde? O termo greenwashing — usado para denunciar empresas que se promovem como sustentáveis sem de fato serem — está mais em evidência do que nunca. E, agora, sob fogo cruzado.

O fogo vem de todos os lados: consumidores atentos, imprensa especializada, organismos internacionais e, mais recentemente, órgãos reguladores. Um exemplo atual e emblemático é o da gigante Unilever, que foi processada nos EUA por “omitir” os impactos ambientais de seus produtos, mesmo sob um discurso de sustentabilidade global. No Brasil, empresas de cosméticos e do setor têxtil também enfrentam investigações por alegações ambientais sem comprovação científica.

Segundo reportagem da Exame ESG, publicada nesta semana, a pressão vem se intensificando porque o consumidor mudou. E com ele, mudou a forma de se comunicar e fazer negócios. Dados de uma pesquisa da PwC revelam que 78% dos consumidores brasileiros estão dispostos a abandonar marcas que não demonstram práticas sustentáveis reais. A era do marketing vazio está com os dias contados.
O desafio, no entanto, não é apenas denunciar o greenwashing, mas construir um novo pacto de confiança. Em vez de discursos genéricos como “produto amigo do planeta”, o que o público exige são evidências: certificações reconhecidas, relatórios ESG auditados, transparência em toda a cadeia de valor.

E aqui está o ponto mais crítico: muitas empresas até desejam ser sustentáveis, mas tropeçam ao transformar boas intenções em ações concretas — e se apressam em comunicar antes de estruturar. É o famoso “colocar o carro na frente dos bois”, ou, nesse caso, a campanha publicitária na frente da auditoria de carbono.
O fogo cruzado pode parecer uma ameaça. Mas talvez seja, na verdade, uma oportunidade de ouro: a chance de limpar a narrativa e alinhar, de fato, propósito e prática. Não se trata mais de parecer, mas de ser. E isso exige coragem, consistência e, acima de tudo, verdade.
Porque, no fim das contas, o planeta não precisa de promessas. Precisa de ação.
Greenwashing sob fogo cruzado: o despertar do consumidor e a nova era da transparência
Seu texto, muito apropriado à atual realidade, me faz lembrar demais da sabedoria da minha avó, sabe. Ela dizia “Menino! Mentira tem perna curta!”. E é mesmo sobre isso, com a facilidade que as tecnologias nos permite pesquisar e ter acesso a informações, as práticas de greenwashing pode perdurar por um tempo, mas não perduram no longo prazo, podendo trazer importantes problemas para a empresa que o adota, tanto do ponto de vista reputacional como financeiro. A confiança é algo fundamental na relação dos clientes com as marcas. Parabéns.
Greenwashing: tema que poucos tem coragem de falar. Parabéns pelo texto!
Muito bom o conteúdo