Guerra Comercial entre China e EUA: Renováveis na Europa entre Riscos e Oportunidades
- EnergyChannel Brasil
- há 4 dias
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A crescente disputa tarifária entre as potências globais está deixando sua marca na cadeia de suprimentos de energia limpa. A Europa, que depende fortemente de componentes chineses, enfrenta o desafio de sustentar sua transição energética sem se ver presa entre Washington e Pequim. “Esse cenário pode atrasar projetos-chave, mas também abrir novas oportunidades".

Com o recente aumento das tarifas, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China afeta profundamente o setor energético global. Neste contexto incerto, a Europa coloca-se em uma posição complexa: enquanto pode se beneficiar do conflito ao se tornar um parceiro confiável para a China, corre o risco de retrocessos significativos em sua transição para a energia limpa.
Em conversa com o EnergyChannel, especialistas analisam as implicações geopolíticas dessa crescente tensão. Segundo eles, é improvável que Pequim impose tarifas diretas à União Europeia nesse momento, mas adverte: “Se a UE aumentar seu alinhamento com Washington ou impor restrições próprias, uma resposta tarifária de Pequim não pode ser descartada.” reforça que “a China já demonstrou agir estrategicamente em resposta a medidas comerciais unilaterais.”
Impacto Direto na Cadeia de Suprimentos Renovável
Sob o ponto de vista industrial, as energias solar e eólica podem sofrer impactos severos no curto prazo devido à sua dependência dos componentes chineses. A decisão recente da China de impor tarifas de até 34% sobre produtos energéticos dos EUA destaca uma política de retaliação que pode se estender a outras nações com restrições.
“Essas tarifas podem desacelerar o ritmo de novos projetos de energia renovável, particularmente solar, que dependem fortemente da cadeia de valor da China,”. Isso poderá aumentar custos, atrasar a logística e estagnar decisões de investimento.
Uma Janela Estratégica para a Europa
Do ponto de vista europeu, o conflito pode oferecer uma oportunidade estratégica. “A Europa pode se posicionar como um parceiro mais estável para a China em setores-chave”, especialmente se os EUA mantiverem sua postura comercial restritiva. Empresas chinesas, diante de novos obstáculos no mercado americano, poderão redirecionar capital e tecnologia para a Europa.
No entanto, essa vantagem traz riscos geopolíticos. “A UE corre o risco de ficar presa entre duas potências em fricção,” alerta. Com o aumento das tensões globais, os países europeus poderão ser forçados a escolher lados, intensificando as tensões diplomáticas e potencialmente prejudicando alianças estratégicas.
Fósseis: Retorno Temporário na Matriz Energética?
Uma das manifestações mais evidentes dessa situação é o aumento dos custos de componentes essenciais para a infraestrutura renovável. “O que mais prejudica a Europa é o custo dos componentes, pois ela depende amplamente das importações chinesas para sua transição energética,” observa o executivo da Sammy Free.
Nesse cenário, combustíveis fósseis como o petróleo poderão ganhar espaço temporariamente. “Fontes fósseis podem ter um aumento de demanda devido à sua disponibilidade imediata, especialmente em mercados já pressionados por custos ou segurança energética".
Contudo, essa recuperação provavelmente será passageira, à medida que as políticas climáticas da Europa continuam a guiar o caminho da descarbonização.

Incertezas Financeiras e Investimentos Verdes
A recente queda no mercado de ações dos EUA acrescenta uma camada de complexidade ao cenário global. “Podemos ver maior cautela por parte dos investidores, particularmente em projetos que dependem de financiamento privado.” A percepção elevada de risco e a instabilidade financeira criam um ambiente onde o capital se torna mais seletivo, impactando diretamente os grandes empreendimentos renováveis.
Ainda assim, ele destaca a resiliência estrutural da Europa: “O setor de energia renovável na Europa possui uma base sólida, forte apoio político, marcos regulatórios claros e um impulso social e ambiental que movimenta a transição energética.”
O continente já demonstrou força diante de crises recentes, incluindo a pandemia e a guerra na Ucrânia.
Além do Conflito: Fortalecendo a Autonomia Industrial
Por fim, “A transição energética não é um luxo — é uma necessidade estratégica.” Essa tensão global como um potencial catalisador para reforçar a autonomia industrial da Europa. Fortalecer a produção local e reduzir a dependência de insumos estrangeiros será fundamental para garantir as metas climáticas e manter a liderança da Europa em energia limpa.
Guerra Comercial entre China e EUA: Renováveis na Europa entre Riscos e Oportunidades
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