O diretor-executivo das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind MT), Giuseppe Lobo, traçou um panorama promissor para a indústria do etanol no Mato Grosso, que recentemente conquistou a vice-liderança nacional na produção do biocombustível na safra 2022/2023. Ele foi um dos palestrantes nesta quarta-feira (22.05) do XII Seminário de Energia, realizado na Fiemt.
Lobo destacou o salto significativo do estado, que em 2017 produzia apenas 150 milhões de litros de etanol por ano, e agora, na safra 2023/2024, alcançou a marca de 5,72 bilhões de litros. Esse crescimento meteórico, de mais de 3.700% em apenas sete anos, se deve principalmente à introdução do milho como matéria-prima.
O milho, cultura com grande oferta no Mato Grosso, impulsionou a produção e possibilitou uma expectativa de crescimento de 10% para a próxima safra, com a estimativa de produção de 6,3 bilhões de litros.
Apesar do cenário positivo, o diretor-executivo da Bioind ressalta os desafios que o setor enfrenta, como a questão logística e a tributária. O estado, com sua grande extensão territorial e população relativamente pequena em cerca de 3,5 milhões de habitantes, tem um consumo interno de etanol reduzido, o que exige a exportação da maior parte da produção para outros estados. Essa logística complexa aumenta consideravelmente os custos, diminuindo a competitividade do etanol mato-grossense em relação a outros estados.
“Nós estamos a mais de 1000 km dos nossos principais mercados. Então essa é uma dificuldade que a gente tem e o custo logístico é muito caro, tirando consideravelmente a competitividade do etanol aqui de Mato Grosso. A gente tem aí dois estados vizinhos, Goiás e Mato Grosso do Sul, com uma política muito agressiva de incentivo à produção de etanol e com condições logísticas melhores. Temos conversado com o Governo do Estado para gente dar uma política de incentivo à industrialização de etanol para melhorar a nossa competitividade”.
O diretor da Bioind também abordou a crescente importância do milho na produção de etanol no estado. Com o aumento da demanda pelo biocombustível, a estimativa é que a indústria processe cada vez mais milho, impulsionando ainda mais a economia local.
“Esse milho produzido era praticamente todo exportado in natura, então com a introdução do etanol de milho, hoje a gente já processa mais de 10 milhões de toneladas de milho, dos 45 milhões que são produzidos em Mato Grosso. A tendência é que com a expansão da indústria do etanol a gente processe cada vez mais”.
Lobo destaca ainda a relevância do etanol para a transição energética, mencionando seu uso em diversas áreas, como na aviação através do SAF (combustível sustentável de aviação).
“A gente tem também uma perspectiva de estabilidade na mistura que traz segurança jurídica e garantia de que a gente não vai ter sobressaltos do ponto de vista regulatório. O etanol tem sido utilizado de várias formas. São iniciativas que contribuem para essa transição energética que a gente vem tocando aqui no Brasil”.
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