Por Daniel Lima - ECOnomista
A energia representa aproximadamente 25% do gasto das famílias brasileiras, influenciando não apenas as contas de luz, mas também o custo de praticamente todos os bens e serviços consumidos. Metade do que se paga nas contas de energia não se refere à eletricidade em si, mas a impostos, tarifas, subsídios e ineficiências acumuladas ao longo do tempo.
O orçamento das famílias brasileiras e a capacidade do setor produtivo são altamente impactados pelo custo da energia elétrica. Entre 2000 e 2022, o custo da conta de luz das famílias aumentou 344,7%, enquanto a renda subiu 537,3%. À primeira vista, pode parecer que o peso da energia nas despesas diminuiu, porém, quando consideramos os aumentos repassados aos produtos e serviços consumidos, a conclusão é diferente.
Essa discrepância leva a uma perda de bem-estar das famílias, pois o custo da energia está embutido em tudo o que compramos e consumimos, desde materiais de construção até os alimentos que são colocados na mesa. Quando o custo da energia para as empresas aumenta, esses custos são repassados aos preços finais, onerando ainda mais o orçamento familiar.
Impacto nos Preços dos Produtos: Cesta básica - 23,1%; Pão - 27,2%; Carne e leite - 33,3%; Vidro e cimento - 24,5%.
Para melhorar a eficiência do setor elétrico, é necessário reformar e corrigir as distorções acumuladas ao longo dos anos. Tarifas mais justas e a eliminação de custos desnecessários podem trazer vários benefícios, entre eles mais renda para a população, menos custos e mais competitividade para o setor produtivo e mais empregos para os brasileiros.
Reformas estruturais no setor elétrico são essenciais para garantir tarifas justas, reduzir custos e promover um crescimento econômico justo e sustentável. Uma das reformas que pode ser iniciada em curtíssimo prazo é o repasse progressivo das despesas (subsídios) da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para o Orçamento Geral da União. Atualmente os subsídios da CDE impactam em aproximadamente 14% o custo das tarifas de energia.
Também deve ser encarado de frente os Encargos de Serviço do Sistema (ESS) devido ao acionamento de usinas térmicas fora da ordem de mérito. Nos últimos 4 meses, os valores dos ESS aumentaram 875% (oitocentos e setenta e cinco), refletindo os desafios enfrentados pelo setor elétrico brasileiro.
Um Peso Inaceitável: A Energia Consome a Renda das Famílias Brasileiras e Ameaça a Economia
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